GT Baixo Centro:
GT Baixo Centro
O Grupo de Trabalho Baixo Centro foi criado em parceria com o Movimento Baixo Centro (http://baixocentro.org/) com o objetivo de elaborar um Inventário Participativo do Patrimônio Cultural. Para isso, a metodologia e o material foram gentilmente cedidos pela Coordenação de Educação Patrimonial (CEDUC) do IPHAN à Repep para uma aplicação-piloto. O processo de realização do inventário participativo já está em andamento e consiste no levantamento das Referências Culturais com a participação da própria comunidade do território que abrange o Elevado Costa e Silva (Minhocão), se enquadrando como uma ação de educação patrimonial de acordo com os princípios da Repep na medida em que o reconhecimento das referências culturais parte da população, respeitando a diversidade dos grupos sociais existentes e sua dimensão política.
O inventário participativo foi concebido pelo GT devido às múltiplas propostas e projetos urbanos que podem provocar a expulsão de moradores, trabalhadores e grupos mais vulneráveis da região. A primeira parte do inventário consiste em fazer um levantamento preliminar do território e trabalhos de campo. Em seguida, realizar a identificação das Referencias Culturais por meio de entrevistas e intervenções in loco. E por fim, organizar o produto final do Inventário. Assim, pretende-se que as ações realizadas possam dialogar com as realidades sociais locais no âmbito da preservação do patrimônio cultural contra a gentrificação.
Tendo este inventário criado pelas comunidades, cada uma pode decidir como resguardar ou proteger suas referências e manifestações culturais. Duas possibilidades seriam pedir a salvaguarda de cultura imaterial e/ou a proteção de território. As duas alternativas possibilitam com que a valorização do metro quadrado (especulação imobiliária) seja contida em regiões e estabelecimentos representativos para aquela comunidade. Desta forma, a educação patrimonial e o inventário participativo surgem como instrumentos de retenção do fluxo de capital e proteção contra a gentrificação que acontece de forma avançada na região central.
É importante salientar que não trabalhamos com a concepção sobre aquilo que o Minhocão degradou, como é muito visto em discursos tanto da administração pública e dos investidores imobiliários de plantão. Este Grupo de Trabalho se foca no que a construção do Minhocão criou. A perspectiva, como se vê, é da realidade dos que habitam, vivem e se manifestam na região, e não pelo viés de uma nostalgia sobre o que a região deveria ser.
Referencias Bibliográficas
CARRAPATOSO, Thiago. A verdadeira disputa entre direita e esquerda. Paisagem Fabricada [Internet], 31 maio 2015. Disponível em: <http://paisagemfabricada.com.br/2015/05/31/a-verdadeira-disputa-entre-direita-e-esquerda/>. Acesso em: 02 set. 2016.
FONSECA, M. C. L. Referências Culturais: Base para novas políticas de patrimônio. In: IPEA. Políticas Sociais: acompanhamento e análise, nº 2, 2001. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/politicas_sociais/referencia_2.pdf. Acesso em: 02 set. 2016.
IPHAN. Educação Patrimonial : inventários participativos - manual de aplicação. Brasília-DF, 2016. Disponível em : http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/InventarioDoPatrimonio_15x21web.pdf. Acesso em: jun, 2016.
SMITH, Neil. Gentrificação, a Fronteira e a Reestruturação do Espaço Urbano (tradução Daniel de Mello Sanfelici). In: GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, n. 21, 2007, p. 15-31.